"Troque sua boneca usada por um desconto numa nova!"
Foi assim que a garotinha ficou vidrada na vitrine da loja de brinquedos do bairro, logo que terminou de ler o cartaz. Estava interessada naquela proposta, pois tinha mesmo uma velha boneca esquecida dentro do armário de seu quarto, meio empoeirada, com aquele cheiro característico das coisas que ficam algum tempo dentro de um armário. Seus olhos brilharam.
Chegando em casa, largou a mochila com o material escolar em cima da mesa da cozinha e foi logo pedindo à mãe:
- A gente pode trocar minha boneca, mãe? Aquela, lembra, que eu não brinco mais! Tem uma promoção na lojinha da rua da escola que eles tão dando desconto pra você comprar uma boneca nova, eu posso, eu posso? Deixa, mãe...
E a mãe, relutante, assentiu. Lá foram as duas com a pobre boneca, que, agora, era apenas parte do valor a se pagar por uma outra. Nenhum brinquedo se sentiria feliz assim.
- Filha, você vai trocar a sua boneca, mas por qual?
A garotinha se esquecera do principal. Qual boneca escolher... havia tantas! Prateleiras e prateleiras cheias delas; bonecas jorrando e formando cascatas sobre todas as paredes. O que eu faço, mãe?
- Fala pro vendedor ali como é a boneca que você quer, que ele vai te ajudar a achar - aconselhou a mãe, divertindo-se com a indecisão da filha.
Ela seguiu seu conselho. Foi falar com o rapaz que usava o crachá da loja.
- Moço, eu quero trocar minha boneca velha por uma nova.
Surpreso com a atitude da garotinha que, do alto de seus nove anos, olhava-o com impaciência, o vendedor respondeu:
- Que bom, então você veio ao lugar certo! Qual é a boneca que você quer? Já viu com a mamãe aquelas ali em cima? - e apontou para os últimos modelos de bonecas de pano que haviam chegado.
- Eu vi, mas não quero bem assim...
- Como você quer? É só falar que eu procuro lá no estoque e te trago.
Ela refletiu por alguns instantes.
- Eu queria uma boneca com um vestidinho claro, daquelas que falam coisas legais quando você aperta a mão delas e que não fosse nem muito grande, nem muito pequena, e que fosse fofinha de abraçar pra eu dormir - enumerou a exigente garotinha.
O vendedor, rindo consigo mesmo, inclinou-se na direção da boneca-moeda e apertou sua mão direita. Esta, muito alegre, respondeu:
- Boa noite! Tenha bons sonhos!
Ele disse à garotinha, ainda com um sorriso brincalhão:
-Mas olha pra sua boneca... ela é todinha como você queria.
Como num passe de mágica, uma boneca de algodão, muito macia, com um vestido claro salpicado de estrelas apareceu diante dos olhos incrédulos daquela criança. Ao reparar que não era truque algum - sua boneca era, de fato, assim - ela agradeceu ao vendedor meio sem jeito. Chamou pela mãe. E, assim, lá ia a garotinha segurando sua velha boneca nova pela mão.
2 comentários:
Eu era assim quando pequena (ainda devo ser xD).
Na grande parte dos seus contos vc coloca partes de vc. Mas acho que estou ficando tempo demais longe de vc (que frase gay xD) e não peguei nada. Mas tudo bem, já disse, vc tem até o final do ano caso eu vá pra MG fazer facul UIOAHSOUIAHSUIAHS
Deve ser a centésima vez que falo isso, mas o texto ficou muito bom.
Alguém sempre tem que mostrar o quão sortudos somos.Dia de sorte da boneca.
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