quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Pra guardar de recordação

Clique. Clique. Clique.

A luz do flash é cegante. Deixou uma mancha roxa na minha vista, que fica amarelo-brilhante quando fecho os olhos. Aí estão vocês: jovens damas, na flor da idade, se divertindo e sorrindo como se não houvesse o amanhã por que vocês tanto esperam. E se há tanta beleza e tanta alegria, por que não registrá-las?

Clique. Clique. Clique.

Vocês acabaram de perder a chance de rir sem estar olhando para a lente da câmera, de fazer a pose que os seus corpos pedem ao ouvir a batida ritmada dos sons da festa - sejam estas da música ou dos risos e das palavras agitadas. Mas, o que fazer? Vamos, precisamos aproveitar enquanto não estamos encharcadas de suor, com os delineadores negros escorrendo, vamos, aproveitar que ainda estamos jovens e bonitas.

Clique. Clique. Clique.

A beleza é efêmera, sim, mas há uma coisa mais importante a ser registrada, mais importante do que o aspecto - o momento. Nunca haverá outro igual, e é tão necessário vivê-lo, tão necessário senti-lo em toda sua densidade, para depois termos ele inteiro guardado e exposto no álbum mais seguro de todos: dentro de nós.

Clique. Clique. Clique.

Vai pro álbum do meu orkut. Pra guardar de recordação.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Último

Uma coisa que sempre me assustou é a palavra "último". Último suspiro, última chance, extrema unção; coisas do tipo, que não permitem nenhum resquício de esperança após seu término. E assim foi o meu último dia de prova nesse colégio.
A última prova foi, honrosamente e para minha sorte, de filosofia. Enquanto passava minhas respostas a limpo, minha caligrafia se embaralhava com as lágrimas que teimavam em sair. Meus pensamentos de saudade se misturavam com o existencialismo de Sartre. "todo homem tem a liberdade de escolher". Eu escolhi esse colégio e, graças a ele, hoje tenho muito mais bagagem para fazer escolhas cada vez melhores. Hesito antes de entregar a prova. Entregar aquele papel significa "nunca mais entregar outra prova no Colégio Pedro II", e isso me dói. Mas é algo que eu tenho que fazer; todos nós, alunos, temos.
Olho para os meus amigos, os que perdi e os que ganhei. Olho para as crianças doidas no pátio, para as quadras, para as árvores quase majestosas da paisagem do colégio. Olho para dentro da biblioteca, agora em obras, com pesar. Aqueles livros me fizeram boa companhia.
O sentimento de deixar para trás toda uma história, toda uma rotina que se repete há sete anos, é realmente complicado. Eu tenho saudade de tudo, quero filmar tudo e fotografar tudo para levar o que puder daqui comigo. Mas, ao mesmo tempo, sei que é hora de dar mais um passo à frente e apenas sorrir para o passado, que está em seu devido lugar. É contraditório. Bem, como diria Nietzsche, vida é contradição.

Nós levamos nas mãos
O futuro de uma grande e brilhante nação...

Fico feliz de partilhar desse futuro daqui em diante, e desejo o mesmo para todos os meus companheiros de formatura do Colégio Pedro II UESC III - vulgo "nossa eterna segunda casa".

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Móbile

Esse post é baseado, em parte, na música "Um móbile no furacão", do - já citado nesse blog - Paulinho Moska, artista que - também já disse isso, né? - admiro pra caramba. O resto é só a minha revolta, mesmo.

"Você diz que não me reconhece, que não sou o mesmo de ontem
E que tudo o que eu faço ou falo não te satisfaz
Mas não percebe que quando eu mudo é porque
Estou vivendo cada segundo e você
Como se fosse uma eternidade a mais"

Tem pessoas que parecem querer te parar a cada vez que você tenta dar um passo pra frente. Pra te proteger, elas pensam. Pra te proteger de fazer uma besteira, de "se perder no mundo". Há, legal. Agora, querer trilhar o próprio caminho significa "se perder". Obrigada pela confiança que depositaram em mim e muito, MUITO obrigada pelo crédito que dão às minhas palavras. Obrigada por acreditarem em mim. Obrigada por não terem feito nada disso.

Tentem me prender aos seus caminhos pré-determinados, pré-imaginados, pré-sonhados, pré-planejados para mim, façam o que quiserem. Só mudo de idéia se realmente tiver que mudar. Porque, sabe como é, é como diz a música aí:

"Somente eu posso saber o que me faz feliz"

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Porque tá tudo caindo.

Tá tudo caindo em volta de mim e, de vez em quando, alguma coisa pesada me atinge. Grande parte dessas coisas fui eu que derrubei, admito, e agora preciso aguentar seu peso sobre minhas costas até achar um lugar seguro pra repousá-las novamente. Agora que eu sei o quanto posso aguentar, tô começando a ter mais fé em mim mesma pra fazer qualquer coisa. Principalmente, pra botar cada coisa em seu lugar. Botar meus pensamentos no lugar, botar meus objetivos no lugar, botar cada pessoa em seu lugar devido ao meu redor. Por ora, é "fazer do bom senso a nova ordem" e "não deixar a guerra começar"...
...porque tá tudo caindo.

sábado, 28 de agosto de 2010

Nada interessante

Olá, leitores! Sinto pelo título nada convidativo, não consegui fazer um melhor. é que realmente não tenho muita coisa interessante pra dizer. Fora que:

- O Paulinho Moska me plageou: tava ouvindo rádio, e descobri que uma idéia pra um poema, que eu não cheguei a botar no papel e organizar direitinho, foi parar numa música desse cara aí, que eu admiro muito (andei baixando uns álbuns dele, sabe como é... *o*). Sentei no tapete da sala e xinguei muito no twitter. Não sabia se ficava feliz por um cara como ele pensar parecido comigo, ou com raiva por ele ter feito o que eu não consegui fazer. Quem sabe? (ah, e agora o nome artístico dele parece q é só "Moska", caso alguém venha reclamar ^^)

- O twitter não serve pra (quase) nada na minha vida
: sério. Depois de muita (deixa de ser dramática, garota!) pressão por parte de amigos e opinião pública, eu resolvi abrir uma conta lá. E o fato é que eu não tenho NADA pra dizer em menos de 140 caracteres. Tentei até postar uns trechos de música conforme eles viessem à minha cabeça, mas nem isso vingou - fico com preguiça quando vejo o quão lerdo é o site, quando eu digito uma frase inteira e ele ainda não registrou nem a primeira letra. Mas, enfim. Ainda é "divertido" ficar garimpando twitts engraçados do Gentili, ou vendo RTs aleatórios, ou xeretando o que os meus amigos andam dizendo por aí. E só.

- Quero minha vida de volta: quero desenhar figuras femininas reflexivas e coloridas como eu desenhava antes. Quero escrever textos reflexivos e doidos como eu escrevia antes. Quero deitar no chão frio da sala num dia de chuva e escutar Chopin sem olhar pro relógio a cada três compassos da música. Quero meus amigos com tempo livre, sorrindo sem pressa. Quero meus pais sossegados quanto à minha rotina de estudos. Quero não ter que aprender o que eu vou acabar esquecendo. E não é só isso, porque eu também quero coisas que eu ainda não tive. Mas quem disse que querer é poder?

...Esse ano de vestibular tá me matando. Deve ser isso.

domingo, 8 de agosto de 2010

Sua ausência.

Hoje, uma poltrona vazia me fez companhia. Peguei em sua mão e olhei em seus olhos. Ela sorriu pra mim. Ela riu todas as vezes em que você riria e disse todas as coisas que você diria, ou pelo menos foi o que eu ouvi. Depois de me separar dela, os espaços vazios em minha volta só faziam se multiplicar. Por mais que eu piscasse os olhos e me convencesse de que estava vendo coisas, o vazio se materializava - em toda sua ausência de matéria - sentado em cadeiras perto de mim ou mesmo andando ao meu lado, e piscava pra mim, zombeteiro. Como pode um nada se estender e se espalhar por tantos lugares assim? Pois ele também se infiltrou no meu coração.
Mas eu sei o que é isso. Esse vazio tem um nome. Esses vazios, aliás, no plural, são todos os espaços que você ocupa quando está aqui. São todos os espaços que você deixa de preencher quando não está, e que, mesmo assim, insistem em me acompanhar.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

A um amigo perdido

Sinto falta de você. Te vejo todo dia e sinto falta de você. Sinto falta dos tempos em que ríamos juntos. Dos tempos em que eu não era uma sombra no seu dia. Eu lembro de tudo isso.

Mas você vai se esquecer.

Vai se esquecer de nossas confissões e pactos.
Vai se esquecer do riso e da tristeza e do medo e do alívio depois da tempestade.
Vai se esquecer de nossas histórias e de nossos desenhos e de nossas músicas.
Vai se esquecer das cores e dos perfumes.
Vai se esquecer de tanta coisa...

Mas também vai se esquecer - e tinha que haver algo de bom nisso tudo - toda a dor que eu te causei, mesmo sem querer.

E agora eu a deixo descansar.

Viva para sempre em minhas memórias, pois estas me pertencem. O passado, este não me pertencerá jamais. Peço apenas que aceite meu último pedido:

Volte, algum dia, para me assombrar.






(Olá, leitores! Agora que vocês estão achando que eu tô triste, gostaria de informar que esse é um pequeno texto que eu achei perdido na minha gaveta :P achei válido publicar aqui. Mas são águas passadas...)

terça-feira, 22 de junho de 2010

Olá, leitores! Andei lendo a antiga versão do Café e achei uma postagem que diz, de novo, o que eu ando sentindo e pensando sobre o mundo ao meu redor. É curto e direto, espero que gostem/se identifiquem :D

"Sabe aquelas vezes em que você fica com vontade de mandar tudo e todos às favas, pra ñ dizer outra coisa? Pois é. Eu ando meio cansada de me importar com o que as pessoas querem ou sentem (sim, eu costumo me importar). Porque, se você parar pra pensar nisso, vai acabar se esquecendo do que VOCÊ quer. Eu posso estar sendo até cruel. Ou fria. Ou egoísta. Mas, e daí? Antes o que EU quero do que o que ELES querem. Não to dizendo que vou ferrar a vida de todo mundo. Só não vou me privar das minhas vontades pelas dos outros. Declaro guerra oficial em defesa das minhas vontades, e contra quem se opuser. Ninguém é santo nesse mundo, muito menos eu. E se alguém é santo, essa pessoa não deve ser lá muito feliz. Então, tá dado o aviso: não se meta no meu caminho, e não insista (uuuhh, que medo!)."

...Pronto, falei! xD

terça-feira, 1 de junho de 2010

A boneca

"Troque sua boneca usada por um desconto numa nova!"
Foi assim que a garotinha ficou vidrada na vitrine da loja de brinquedos do bairro, logo que terminou de ler o cartaz. Estava interessada naquela proposta, pois tinha mesmo uma velha boneca esquecida dentro do armário de seu quarto, meio empoeirada, com aquele cheiro característico das coisas que ficam algum tempo dentro de um armário. Seus olhos brilharam.

Chegando em casa, largou a mochila com o material escolar em cima da mesa da cozinha e foi logo pedindo à mãe:

- A gente pode trocar minha boneca, mãe? Aquela, lembra, que eu não brinco mais! Tem uma promoção na lojinha da rua da escola que eles tão dando desconto pra você comprar uma boneca nova, eu posso, eu posso? Deixa, mãe...
E a mãe, relutante, assentiu. Lá foram as duas com a pobre boneca, que, agora, era apenas parte do valor a se pagar por uma outra. Nenhum brinquedo se sentiria feliz assim.

- Filha, você vai trocar a sua boneca, mas por qual?
A garotinha se esquecera do principal. Qual boneca escolher... havia tantas! Prateleiras e prateleiras cheias delas; bonecas jorrando e formando cascatas sobre todas as paredes. O que eu faço, mãe?
- Fala pro vendedor ali como é a boneca que você quer, que ele vai te ajudar a achar - aconselhou a mãe, divertindo-se com a indecisão da filha.
Ela seguiu seu conselho. Foi falar com o rapaz que usava o crachá da loja.

- Moço, eu quero trocar minha boneca velha por uma nova.
Surpreso com a atitude da garotinha que, do alto de seus nove anos, olhava-o com impaciência, o vendedor respondeu:
- Que bom, então você veio ao lugar certo! Qual é a boneca que você quer? Já viu com a mamãe aquelas ali em cima? - e apontou para os últimos modelos de bonecas de pano que haviam chegado.
- Eu vi, mas não quero bem assim...
- Como você quer? É só falar que eu procuro lá no estoque e te trago.

Ela refletiu por alguns instantes.
- Eu queria uma boneca com um vestidinho claro, daquelas que falam coisas legais quando você aperta a mão delas e que não fosse nem muito grande, nem muito pequena, e que fosse fofinha de abraçar pra eu dormir - enumerou a exigente garotinha.

O vendedor, rindo consigo mesmo, inclinou-se na direção da boneca-moeda e apertou sua mão direita. Esta, muito alegre, respondeu:
- Boa noite! Tenha bons sonhos!
Ele disse à garotinha, ainda com um sorriso brincalhão:
-Mas olha pra sua boneca... ela é todinha como você queria.

Como num passe de mágica, uma boneca de algodão, muito macia, com um vestido claro salpicado de estrelas apareceu diante dos olhos incrédulos daquela criança. Ao reparar que não era truque algum - sua boneca era, de fato, assim - ela agradeceu ao vendedor meio sem jeito. Chamou pela mãe. E, assim, lá ia a garotinha segurando sua velha boneca nova pela mão.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

A dor latente

Tem dias em que me sinto estranha. Sinto um gosto amargo ao olhar para as paredes ao meu redor e a luz do sol que ilumina a sala se torna fria - uma quase penumbra, então, quando uma nuvem se põe sobre ele. Uma tristeza estranha toma conta do meu coração, e as mais alegres melodias soam irônicas. A tela brilhante do monitor cansa a minha vista mais rápido do que o normal, e assim forma-se uma nuvem negra, que emoldura todo o meu campo de visão e me atordoa. Me dá vontade de chorar, mas não consigo, porque meus olhos estão secos. Uma sensação morna de dia de mormaço, preguiça e cansaço me abate e drena minhas forças, transformando tudo em pensamentos ora nostálgicos, ora melancólicos.
Algumas vezes, estranhamente, me sinto assim, estranha. É, talvez, o medo que precede o fim de um ciclo. E, talvez, o medo de não saber o que virá de novo...

terça-feira, 6 de abril de 2010

Que belo estranho dia pra se ter alegria

Hoje é o dia em que, em vez de nos chocarmos com o que vemos pela tela da televisão, nos chocaremos quando olharmos através de nossas janelas. Hoje, teremos que descobrir todos os cantos inexplorados e lembrar de todos os caminhos esquecidos de nossas próprias casas - onde ficaremos presos, porque poucos de nós possuem barcos para enfrentar o mundo lá fora. Nada de colegas de classe e de trabalho, nada de chefes irritados, nada de professores, nada de motoristas impacientes de ônibus: hoje teremos que aprender a conviver com a nossa própria família, e em tempo integral.
Lembraremos de como se joga pôquer, buraco, dominó, xadrez, banco imobiliário. Lembraremos o que é almoçar em casa e, entre uma garfada e outra, olhar o calendário pendurado na parede e constatar, abobalhados, que é uma terça-feira e que deveríamos estar em qualquer outro lugar a essa hora, menos em casa. E, mesmo assim, daremos graças a Deus por estarmos em casa, se estivermos.
Hoje, teremos que lidar com a difícil necessidade de se ter humildade, de deixar nosso bairrismo estúpido de lado e admitir nossas falhas como cidadãos e como cidade. E deveremos tentar - pelo menos tentar - não culpar o prefeito, ou o governador, ou o presidente por isso, porque não foram eles que projetaram, pavimentaram, sujaram as ruas e entupiram os bueiros de nossa cidade. Tampouco foram eles que fizeram chover tanto.
Hoje é o dia de olhar para o relógio e pensar que se está atrasado, e perceber, depois de pensar só um pouco, que hoje não teremos hora pra nada, porque hoje será o feriado municipal do tempo. Hoje veremos os jornalistas noticiarem o que aconteceu com eles próprios, e eles transparecerão o desespero e a incredulidade como nunca antes puderam, porque a notícia nunca havia acontecido com eles antes - se aconteceu, não lembramos de como era.
Em resumo, hoje é o dia em que muitos de nós perceberão que, quando o mundo está acabando, quase sempre dá pra encontrar uma pequena ilha, um pedaço de terra elevado, seguro e seco, onde poderemos nos abrigar da correnteza lá fora.

"Belo Estranho Dia de Amanhã" - música cantada por Roberta Sá que inspirou esse texto e esse dia tão... cheio :P

Notícias perderão todo o controle dos fatos
Celebridades cairão no anonimato
Palavras deformadas
Fotos desfocadas, vão atravessar o atlântico
Jornais sairão em branco
E as telas planas de plasma vão se dissolver
O argumento ficou sem assunto.

Vai ter mais tempo pra gente ficar junto
Vai ter mais tempo pra enlouquecer com você
Vai ter mais tempo pra gente ficar junto
Vai ter mais tempo pra enlouquecer...

Os políticos amanhecerão sem voz
O outdoor com as letras trocadas
Dentro do banco central o pessoal vai esquecer
Como é que assina a própria assinatura
E os taxistas já não sabem que rua pegar
Que belo estranho dia pra se ter alegria
E eu respondo e pergunto

É só o tempo pra gente ficar junto
É só o tempo de eu enlouquecer com você
É só o tempo pra gente ficar junto
É só o tempo de eu enlouquecer...

Alarmes já pararam de apitar
O telefone celular descarregou
O aeroporto tá sem teto
E a moça da tv prevê silêncios e mais temporais nuvens
A firma que eu trabalho faliu
E o governo decretou feriado amanhã no Rio no Brasil
Será que é pedir muito?

É só um jeito da gente ficar junto
É só um jeito de eu enlouquecer com você
É só um jeito da gente ficar junto
É só um jeito de eu enlouquecer...

É só um jeito da gente ficar junto
É só um jeito de eu enlouquecer com você
É só um jeito da gente ficar junto
É só um jeito de eu enlouquecer...

quarta-feira, 31 de março de 2010

Coisas Aleatórias

Oi, leitor! Hoje me peguei pensando em coisas chatas. Em como as coisas mudaram na minha vida. E em como elas ainda podem - e vão - mudar mais ainda. Tudo isso por causa de uma pequena descoberta:

O Lacuna Coil (a.k.a. minha banda favorita de todos os tempos) vem para o Brasil pela primeira e, provavelmente, única vez. E, saca só: EU NÃO TÔ NEM UM POUQUINHO FELIZ COM ISSO!!!

É claro que eles vão pra São Paulo, o resto do Brasil parece que não existe pra maioria das bandas estrangeiras. E é claro que eles vão tocar as músicas da turnê do álbum novo, ou seja: as únicas que eu consigo detestar desse grupo tão querido. Agora, por que eu fiquei tão pensativa com um simples show?
Primeiro: porque eu fico pensativa/reflexiva/paranóica com praticamente qualquer coisa. QUALQUER COISA.
Segundo: porque isso serviu pra me mostrar o quanto as coisas mudam.

Parece coisa de romance realista, mas não é. A gente quer uma coisa com tanta força, põe tanta vontade nisso e, quando finalmente chega... não vem do jeito que a gente esperava. A dúvida é se fomos nós que mudamos ou se foi realmente o acaso que nos pregou uma peça, que trouxe o nosso sonho mais íntimo pra realidade, e o distorceu até ele não caber mais nem si mesmo, nem dentro das nossas expectativas iniciais.

Não sei nem o que é pior: levar o baque inicial ou ter que aprender as regras dessas novas fases de vida. Falando em "fases", às vezes eu sinto como se estivesse dentro de um jogo bizarro onde, a cada fase que eu concluo, não existe nada escrito ou ninguém que me ajude a descobrir que itens tenho que procurar, pra onde devo ir, o que devo fazer pra passar de fase de novo. Tudo o que eu consigo ver são pedaços do cenário, quebra-cabeças que preciso montar sozinha pra que eu possa avançar na minha busca por não-sei-o-que. Suspeito que esse objetivo seja apenas mais um pouco de bom senso, ou harmonia, paz de espírito, quem sabe.

É isso, e muito mais, o que novos horários, novas rotinas, novos problemas, novos obstáculos, novas pressões e novas situações fazem comigo.

terça-feira, 9 de março de 2010

E aí... passou?

Olá, leitores! Devido ao considerável feedback que o Café conseguiu com a postagem mais recente, tentarei fazer algo digno da leitura de vocês aqui mais vezes :P por mais que esse ano seja...
...por acaso, esse é o tema do post! xD

Vestibular!

(...Se você pulou na cadeira ao simplesmente ler essa palavra, você me entende.)

Hoje foi o meu primeiro dia de aula no colégio, mas já comecei o curso pré-vestibular há duas semanas. Hoje começou minha correria (junto com a de vários outros colegas e amigos, porque essa cruz não é só minha) de um ônibus pro outro ("aquilo para ele era o fim..."), de uma sala pra outra. Esse é o ano temido por muitos, suportado por quase todos e vencido por quase poucos. Resumindo: é tenso.
Gosto de citar/contar aqui no blog coisas legais que eu ouço por aí. Pois bem: hoje ouvi, do meu mais novo professor de Geografia (epa, específica de jornalismo :P minha específica), conhecido pelo seu sobrenome - Hansen - não um conselho, mas, como ele mesmo disse, uma sugestão.
"Na hora de escolher o que vocês vão fazer da vida a partir de agora, façam uma coisa: sejam EGOÍSTAS! Pai, mãe, tio, tia, são muito bons pra cobrar no vestibular, mas só você pode saber o que fazer da sua própria vida e depois arcar com as consequências". Entre outras coisas, ele sugeriu que a gente fizesse o que queria, e não o que está em alta no mercado de trabalho, o que dá mais dinheiro (o dinheiro é uma consequência do seu sucesso, nada mais), o que dá "status". Teria aplaudido se não fosse inadequado.

Porque, nesses tempos atuais em que os computadores só faltam pensar por nós, não adianta você ter nível superior. Não adianta ter feito curso de informática, web design, inglês, espanhol e esperanto. Não adianta: se você não ama o que faz, a coisa não anda. Você pode até ganhar dinheiro. Mas não vai se sentir satisfeito com o que faz.
Ah, pensa que dá pra aturar?
Vamos colocar assim:

Você odeia FÍSICA. Um exemplo clássico, só pra ser mais simples.

Pensa em todas as equações que você usou, em todas as leis que você não obedeceu e em todas as unidades de medida que você confundiu. Pensou?
Vamos dizer que, movido pelo mercado de trabaho favorável, você fez o que papai mandou e foi fazer engenharia. Tem física a rodo.
Agora, imagine-se dependendo DISSO pra poder comprar o sagrado pão de cada dia. A sua comida dependendo de vetores. Sua família dependendo das leis de Newton.

... cara, é desumano.

Então, depois de toda a ralação que você passou pelo vestibular, tanto estudo e noites de sábado perdidas, vem aquele espírito de luz e te pergunta:
"E aí... passou?"
Do jeito que a nossa sociedade tá hoje, você só tem duas alternativas: jogar na cara, se você passou, ou, caso contrário, correr pela sua vida.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Te pego lá fora

Antes de tudo, quero agradecer à Mari por ter me dado essa idéia depois de tanto tempo que esse Café ficou às moscas. Valeu, Mari :)

Cof, cof, voltando...


A garota olha para trás e ajeita os óculos no rosto. É ele chamando, mais uma vez. Um seguidor não-anônimo, atento e persistente, desde os tempos da sexta série do ensino fundamental. Mas ele não vem com rosas nas mãos e palavras doces saindo dos lábios, não. Ele vem com ódio no coração, alguns capangas que se dizem seus amigos e uma navalha afiada no lugar na língua.
-
Essa daí só vive estudando, não faz mais nada, parece até um robô!
Ela tenta ignorar.
-Ei, olha aí a robô! Tá fazendo dowload de novo!
Ela tenta ignorar.
-Ih, do jeito que tá chovendo ela já deve tá enferrujada! (risos)

...E ela não consegue ignorar.



Se você acha que isso é um trecho de filme clichê de escola (ou "high school") americana, você está enganado. Isso foi um trecho da minha vida.

Parece mesmo que o bullying, em todas as suas formas, é só um clichê cinematográfico. Repetido em tantos filmes, né? Pra fazer uma pequena lista, temos:
- Te pego lá fora
- Meninas malvadas
- A vingança dos nerds
- Elephant
- Tiros em Columbine
- Um grande garoto
- Nunca fui beijada
- Entre muitos, muitos outros.

Mas quem me dera fosse só um clichê cinematográfico.

Você pode achar que é exagero, que é coisa normal de colégio, e que aqui no Brasil nossa cultura é diferente, blábláblá. Acredite, se fosse, eu não estaria aqui escrevendo sobre uma coisa que aconteceu há pouco mais de dois anos atrás. Podemos não ter nossas patricinhas animadoras de torcida, ou nossos capitães de time de futebol americano, ou mesmo nossos valentões ordinários, dos quais toda a escola tem medo. Mas temos, sim, nossa segregação estudantil "à brasileira".
O pior é que, como aqui isso é uma coisa bem mais sutil, bem mais velada, pouca gente se dá conta de que existe. Tratam alguns sintomas - como os tão famosos apelidos de "rolha de poço", "quatro olhos" (esse ficou até fora de moda, de tão usado!), "CDF" - e as possíveis brigas isoladas que surgirem no caminho. Só que são poucas as escolas que levantam essa questão entre os alunos.
Na minha escola mesmo isso já foi feito. Era um projeto de uma turma de uma série anterior à nossa, na época, e eles espalharam cartazes por toda a escola. Foi uma tentativa admirável, tanto da parte da turma quando do professor que coordenou e idealizou. Agora imagine a minha decepção quando vejo aquele ser-do-mal fazendo do cartaz pregado na parede da sala uma piada:
-Ih, que legal, pelas coisas que estão dizendo aqui eu sou um BULLY! HAUHAUHA, somo bully mermo, neguin!
(a blogueira pede desculpas por eventuais erros na transcrição da fala anterior e assegura que, se não foram exatamente essas palavras, foi pior.)
Vocês entenderam, né, pessoas? NÃO ADIANTA. Tem que ser uma coisa grande, todos se unindo e com colaboração da mídia, que nem fazem com a camisinha e com a dengue. E, se as pessoas que fazem isso não mudam, que pelo menos as que não fazem, mas tem como impedi-las ou atenuar a sua ação, se mexam. Sim, é um problema fora da lista de prioridades de qualquer governo. Mas não é porque um problema é pequeno ou atinge uma parte minoritária da população que se deve virar as costas pra ele.
Porque quem sentiu na pele, sabe como é. É um quase terror psicológico, pior do que muita surra de colégio americano, porque dura por muito mais tempo do que um soco e dói por muito mais tempo.
Não vou discutir o porquê das pessoas fazerem isso, ou que tipo de pessoa pode ser vítima, porque é um tanto complexo. Podemos simplificar assim: o ser humano, infelizmente, gosta de se sentir no poder, superior aos outros, e se você não consegue crescer sozinho, você diminui alguém pra se sentir maior. Deixo as perguntas e respostas derivadas pra vocês comentarem. E deixo aqui um trecho de uma ótima música - "Teenagers", My Chemical Romance - pra concluir.

The boys and girls in the clique,
The awful names that they stick
You’re never gonna fit in much, kid

But if you’re troubled and hurt,
What you got under your shirt,
Will make them pay for the things that they did


...Que significa:




Os garotos e garotas da panelinha

Os nomes horríveis que eles põem

Você nunca vai se enturmar, cara



Mas se está encrencado e ferido,

O que você tem debaixo da sua camisa,

Vai fazê-los pagar pelas coisas que eles fizeram


Interpretem como quiserem, mas podem ficar calmos que eu não vou matar ninguém. xD